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Elevação nos preços das commodities ajudam exportações

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O ano iniciou com déficit na balança comercial no valor de US$ 1,1 bilhões, inferior ao de janeiro de 2020 (US$ 1,7 bilhões), segundo dados da Fundação Getulio Vargas (FGV). Observa-se que em janeiro de 2020, o resultado foi explicado pelo maior recuo das exportações em valor (-19,8%) comparado com o das importações (-1,3%). Em janeiro de 2021, o valor exportado aumentou em relação a igual período do ano anterior (+2,2%) e as importações caíram (-1,5%).

O aumento nos preços dos produtos exportados (+5,7%) foi o responsável pela variação positiva do valor, pois o volume recuou em 3% na comparação interanual de janeiro de 2020/2021. No caso das importações, o volume aumentou (+1,6%) e os preços caíram. É um resultado bem diferente de janeiro de 2020, quando o volume exportado caiu 19,3% na comparação com janeiro de 2019 e os preços recuaram, enquanto preços e volume das importações aumentaram.

No ICOMEX de fevereiro de 2020 que era prematuro fazer projeções com base no resultado de um único mês. No entanto, os novos acontecimentos em janeiro sinalizavam a tendência de uma redução no superávit da balança comercial para 2020, o que não ocorreu, pois o saldo de 2020 foi US$ 2,9 bilhões superior ao de 2019.

Numa primeira avaliação, era esperado que a pandemia via China iria ter um efeito negativo nas exportações e nos preços de commodities, além de serem incertos seus impactos na economia brasileira. A China manteve a demanda em crescimento entre março até setembro, os preços das commodities se elevaram a partir do segundo semestre, e a recessão contribuiu para a queda nas importações.

Destaca-se o aumento dos preços das commodities e uma recuperação nas importações. No entanto, as incertezas dominam e aumentaram no mês de fevereiro, em especial, no cenário doméstico (ritmo da vacinação, pauta das reformas, auxílio emergencial). No cenário internacional, os efeitos negativos de possíveis novas ondas da pandemia não podem ser descartadas, mas há expectativas positivas com os pacotes de estímulos dos Estados Unidos e da União Europeia.

Em termos de volume, as exportações desse grupo caíram (-5,8%), mas os preços aumentaram 8,5% na comparação interanual do mês de janeiro. O resultado é esperado, pois o embarque para as exportações da soja só se intensificam a partir de março/abril e, no ano passado teria iniciado mais cedo. Observa-se o aumento em valor e volume das não commodities, o que está associado, em parte, às vendas para os parceiros sul-americanos.

A análise por tipo de indústria mostra que para a cesta de commodities agrícolas, os preços aumentaram (+17,1%) e o volume recuou (-23,3%). Essa queda no volume pode ser explicada pelos estoques acumulados pela China no ano passado. É possível que o aumento de dois dígitos nas exportações da agropecuária, a partir de março de 2021, não se repita, mas ainda é prematura uma conclusão. A indústria extrativa registrou desempenho positivo em termos de preços (+5,7%) e volume (+16,9%), onde o índice de preços e de volume do minério de ferro cresceu 45,6% e 19,3%, respectivamente na comparação interanual de janeiro de 2020/2021. Para a indústria de transformação, o volume caiu (-5,1%) e os preços registraram aumento de 1,2%.

O volume importado sofreu pouca alteração na agropecuária e transformação, mas aumentou 10,8% para a indústria extrativa. Pelos dados em tonelada informado pela Secretaria de Comércio Exterior, as maiores variações foram nas compras de minério de ferro e minério de alumínio.

O volume exportado por categoria de uso na indústria de transformação foi positivo para bens duráveis de consumo (setor automotivo) e não duráveis. Com a desvalorização da moeda e a queda da renda em comparação com janeiro de 2020, as importações em janeiro de 2021 recuaram para todas as categorias, exceto bens intermediários, que registrou aumento de 4%.

Na comparação interanual de janeiro de 2020/2021, o volume importado de bens intermediários da indústria (extrativa mais transformação) mostrou um aumento de 4,9% e para os bens intermediários da agropecuária de 36,8%. Por esse indicador, o nível de atividade da agropecuária sugere um desempenho bem mais favorável que o da indústria.

A análise dos principais mercados registrou variação positiva no volume exportado entre janeiro de 2020/2021 para a China, Argentina e América do Sul, sendo que para esses dois últimos os percentuais foram de 28,6% e 11,3%, respectivamente. A desagregação por categoria de uso das exportações para a Argentina registrou variações positivas em todos os segmentos, exceto bens de consumo semiduráveis. Se mantido o atual patamar do câmbio, por volta de R$/US$ 5,00 e a expectativa de crescimento positivo na Argentina, de cerca de 4%, é possível que as exportações de manufaturas continuem aumentando. Lembra-se que no ano passado, a queda foi muito acentuada, assim a comparação é feita com um referencial de baixo nível de volume. Essa mesma consideração se aplica aos “Demais países da América do Sul”, ou seja, perspectiva de crescimento das exportações.

Observa-se que o volume importado aumentou na América do Sul e para a Ásia, exceto China. Na América do Sul, ressaltam-se as compras de energia elétrica da Argentina (20% do total das importações e aumento de 250.000%) e do Chile destacando-se cobre (participação de 37% e aumento de 36%); e, adubos e fertilizantes (participação de 4,2% e aumento de 572%). Todas as participações se referem à janeiro de 2021 e o crescimento à variação entre janeiro de 2020/2021.

A dinâmica das trocas bilaterais levou a um aumento da participação da China e da Argentina nas exportações brasileiras. Nas importações, chama atenção a queda de cerca de 10 pontos percentuais da participação da China, o que não reflete uma tendência. Entre os dez principais produtos (42% do total das importações da China), dois registraram recuo inferior a 5%, e comparando a soma dos dez entre janeiro de 2020/2021 houve aumento de 10%.

O aumento nos preços das commodities tem assegurado a tendência de alta nos termos de troca, que se elevaram em 9% entre janeiro de 2020/2021. Ainda estamos distantes do pico da série histórica elaborada pelo FGV IBRE, que inicia em janeiro de 1998. O pico da série foi em setembro de 2011 (índice de 131,5), e em janeiro de 2021 foi de 117,5, um índice 11% inferior. No entanto, o cenário para a economia brasileira é positivo.

Por último, a taxa de câmbio continua apontando um quadro de volatilidade afetada mais por fatores domésticos do que externos. Entre dezembro e novembro, a taxa de câmbio efetiva real havia se valorizado em 5,1% e, depois, entre janeiro e 2021 e dezembro de 2020, desvalorizou em 8,9%. Instabilidade cambial não ajuda nas decisões no comércio exterior. Nesse cenário, a elevação dos preços das commodities atenua as incertezas cambiais, mas para os produtos industrializados não é favorável.

 

Fonte: investimentosenoticias.com.br

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Atualizado em 28/03/2024 08h57

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